sábado, 4 de agosto de 2018

Roteiro a pé por Havana - Cuba: Parte 1

Viver o comunismo, ou pelo menos sentir um pouco do feeling que é um dos poucos países que ainda mantém esse sistema político.

Conhecer um dos países e suas belezas que sofreu pouca influência do mundo capitalista e da invasão de turistas que são as maiores cidades da Terra.

Seja qual for seu motivo para visitar Cuba, em especial Havana, se prepare para andar.

Hoje vou começar a falar do roteiro que fiz pela cidade a pé.

Um pouco longo, mas que pode ser feito em 01 dia se você acordar cedo.

Prepare seu sapato mais confortável e lá vamos nós!!!!!


Para facilitar o entendimento, eu dividi o roteiro em 03 partes e fiz um mapa para cada pedaço dele pra melhor visualização.

Iniciando...

Roteiro 1:



Ânimo total as 08h para esse longo dia.

Como já comentei em post anterior ficamos hospedados bem pertinho do hotel Santa Isabel na Plaza de Armas, então começaremos por lá.


Plaza de Armas:

Localizada no centro de Habana Vieja aqui se encontra o hotel e também o Castillo de la Real Fuerza.

A praça em seu primórdio foi criada em 1519 (importante ressaltar que a cidade em si nasceu em 1514) sendo chamada de Plaza de la Iglesia devido a uma igreja que foi destruída em 1741.

Na época colonial aqui era o local dos desfiles militares e concertos musicais.

No centro está o Parque Céspedes, em homenagem a Carlos Manuel de Céspedes que foi o responsável por levar Cuba para o caminho da independência em 1868.

E antigamente um dos lados da praça tinha o chão revestido por parquete de madeira, dizendo a lenda que era para não atrapalhar o sono do governador com as passagens de carruagens.



A praça é relativamente pequena, mas as ruas de seu entorno são só de pedestres o que a faz ser bem grande.

Aqui é um dos pontos de wifi da cidade, então a noite você encontrará muitas pessoas sentadas no meio fio com seus celulares.

Este é o Palacio de Los Capitanes Generales. Aqui era a casa dos governadores na Havana colonial, hoje em dia funciona o Museu de la Ciudad. 

Em frente ao hotel, olhando para a praça, siga pela rua a sua esquerda até encontrar a Calle Obispo também a sua esquerda.

Nela seguiremos nosso caminho.


Aproveite para ver a os diferentes estilos entre os prédios e apreciar a calma da cidade.



Andando um pouquinho pela Calle Obispo logo encontraremos nossa primeira parada que é a Farmácia Taquechel.

Uma formosa farmácia, bem no estilo antigo, que abriu suas portas em 1898 e foi restaurada em 1996.

Hoje em dia está mais para um museu que uma farmácia mesmo. Nela você verá potes antigos de cerâmicas, objetos do dia a dia do farmacêutico das antigas e uma decoração toda em madeira belíssima.




Siga em frente pelo nosso roteiro e continua observando com calma a cidade que parou no tempo.

A esquerda você verá uma fábrica de roupas que fica completamente aberta para a rua e podemos ver o trabalho das mulheres.

Imagino um ambiente desses em pleno verão, sem ar condicionado ou ventilador.

Ao lado existe uma loja que vende as roupas femininas e masculinas, tudo de 100% algodão e muito bem feitas.

Acabei comprando um vestido e meu marido uma blusa. Os preços são bem razoáveis.


Seguindo, a esquerda teremos uma loja da ECTESA, que é a empresa de telefone e internet.

Tudo sobre isso você encontra no post anterior, basta clicar aqui.




Mais uma vez seguindo...

Não apareceu no mapa, mas tem uma bolinha grande branca entre o caminho da farmácia e do teatro.

Esse ponto é um dos mais famosos da cidade.

O bar/restaurante El Floridita.




Aberto em 1817 é famosos pelos seus daiquiris, com o slogan La cuna del daiquiri.

Outro ponto que fez a fama do local é ele ter sido um dos locais preferidos do escritor americano Ernest Hemingway.

Inclusive na extremidade do balcão existe uma estátua em tamanho real dele.

Vale destacar que seu nome no início era La Piña de Plata e 100 anos após é que se tornou La Florida e depois é que virou El Floridita.

Em 1953 foi reconhecido como um dos 07 bares mais famosos do mundo e em 1992 ganhou o prêmio de Rei do daiquiri.

E o daiquiri? É realmente maravilhoso!!!!!!

Bebemos em diversos lugares de Havana e o daqui se superou sem comparação.

Sinceramente gostei muito mais do daiquiri que do mojito. 

Bem gelado, perfeito para o calor que estava na cidade.


Conseguir uma mesa é bem difícil, banco então nem se fala. O local está sempre cheio.

Após essa parada seguimos para o Gran Teatro de La Habana.

Basta atravessar duas ruas.

O prédio por si só já é muito charmoso e prende sua atenção.

Repare na foto abaixo, que na sua frente ficam parados diversos carros, de diferentes estilos e cores.

Caso deseje fazer um passeio pela cidade num deles, basta negociar com o motorista.

Também repare que existem os coco táxis que no próximo post falarei.


Uma das coisas que me chamou a atenção foi a capacidade de não cuidar, seja porque não conseguem ou desinteresse mesmo, não sei. Em frente ao teatro, olhando para o outro lado da calçada você verá diversos prédios em diversas situações de conservação. Alguns inclusive parecem que vão cair de tão velhos e mal cuidados.


Mas, voltando ao teatro, ele possui visitas guiadas em determinados horários que vale bem a pena.

Me chamou atenção a guia, pois o nível de patriotismo e concordância com diversos pontos durante sua explanação, que para nós, de um mundo capitalista, não se enquadram.


Só antes de começar a falar do teatro, vale ressaltar o café aberto ao público, do lado de fora.

Ambiente bem gostoso e com comidas e petiscos com preço acessível para um nível bom.

Depois farei um post só sobre comer em Havana e você verá que é difícil.


O Gran Teatro de la Habana Alicia Alonso recebe esse nome em homenagem a sua bailarina mais famosa, na qual é representada por sua estátua na escadaria de acesso.

Localizado no Paseo Del Marti, uma das ruas mais famosas da cidade.

Aqui ficava o Teatro Tácon de 1838. Em 1908 ele foi expandido e sua abertura foi oficial foi em 1915 com uma temporada de ópera.

Depois da reforma ele se chamava Galician Centre of Havana e só em 1985 recebeu o nome de hoje.


A arquitetura realmente é impressionante e o material usado vieram de todas as partes do mundo. Pedras, granito, mármore; materiais de primeira linha e de beleza incrível.



Seu auditório principal tem capacidade para 1.500 pessoas e possui uma acústica maravilhosa que permite que a todos escutem da mesma maneira, independente de onde estejam sentadas.

O palco também foi projetado para que todos pudessem ver da melhor forma possível.


Em cada "esquina" do arco que emoldura o palco existe um desenho que de um lado simboliza a comédia e de outro lado simboliza a tragédia.


No primeira andar, bem no centro, fica o melhor lugar do teatro; reservado ao produtor pois nesse local ele terá o melhor som da casa.

A guia nos fez questão de mostrar que o melhor lugar não é reservado ao mais poderoso, ao mais famoso ou ao mais rico; e sim aquele que é responsável pelo espetáculo. Pois, tirando essa pessoas, todos são iguais ao assistir a peça.


O vão central é muito bonito com sua escadaria ao redor e com iluminação natural.


Essa iluminação é graças à sua abóboda de vidro que gera mais harmonia ainda com o estilo e design.


No último andar há um enorme salão, onde acontecem festas, encontros e pequenos concertos.




Sua vista para a enorme avenida e para o Capitólio, ao seu lado.


Esse pequeno balcão é onde ficam os músicos no caso de evento no salão.



Outra coisa que nos chamou a atenção foi que ao perguntarmos o valor dos ingressos a guia nos informou que havia o valor em CUC (moeda local para turistas), mas que também existia o valor em CUP (moeda dos moradores) e que estes eram bem baratos mesmos, na qual qualquer um poderia comprar e ir ao teatro.

A questão é que existe uma fila de espera para você poder comprar.

Ela não informou se existe uma porcentagem destinada só para os moradores mesmos, ou se vai comprando de acordo com a disponibilidade do teatro.

Na mesma calçada encontraremos o penúltimo ponto de visita desse roteiro - o Capitólio.



Mais uma vez os prédios na calçada da frente em baixas condições de manutenção.


El Capitólio Nacional foi construído em 1929 e foi a sede do governo de Cuba até a Revolução Cubana em 1959.

Seu formato foi inspirado no Capitólio dos EUA, porém sua cúpula teve como base o Panteão de Paris.

Sua cúpula está em reforma e abaixo dela fica uma réplica de um grande diamante (o verdadeiro foi roubado ou sumiu?) e dele é que se marca a distância de qualquer cidade a Havana.


As duas estátuas que ficam de cada lado da escadaria da entrada representam o Trabalho e a Virtude Tutelar.



As visitas estão abertas, mas infelizmente não conseguimos chegar a tempo.

E vamos para o último ponto desse primeiro roteiro.

Quando se fala em Cuba, o que vem a mente? Fidel, rum e charutos!!!!!

Então, não poderíamos deixar de conhecer a famossísima Fábrica de Charutos Patargás.

Bem pertinho do Capitólio está a fábrica original, mas que como vocês podem ver pela fachada lateral, está acabada, mal conservada e até mesmo um perigo.

A fábrica mudou de lugar exatamente por isso.

Hoje no prédio há somente uma pequena loja que vende os charutos.

Recomendo estritamente a compra só nas lojas oficiais. Com certeza, durante seu passeio vocês serão abordados por várias pessoas vendendo charutos.

Podem até ser verdadeiros, talvez até desviados, mas...



Quando comparados com os preços praticados no Brasil, eles são bem mais em conta.

Só para terem uma noção, uma caixa de Romeu e Julieta com 25 unidades custava USS 100 enquanto no Free Shop (livre de impostos, né?) custava USS 289!!!!!

Aqui você encontrará todos os tipos, todos os tamanhos, venda por unidade ou em caixas.

E como falei, até mesmo na porta da loja há pessoas tentando vender charutos.



A visita a fábrica é um super passeio e não dá para perder.

O ideal é ir de táxi, porém compre seus ingressos antes, pois não vende no local.

Também não se vende na loja oficial, o que é um grande absurdo e inexplicado.

Ele é vendido em alguns hotéis, e tivemos que passar em 03 até ter um que tivesse ele. Também não é em qualquer hotel, compramos no Hotel Inglaterra que fica próximo ao Teatro. Para achar esses bilhetes foi quase uma saga, andamos pelo menos uns 30 minutos entre os hotéis.

Nossa ida ocorreu no dia seguinte pela manhã, então esse roteiro e os 02 que ainda virão que ocorreram no mesmo dia não foi o dia que conhecemos a fábrica.

Ela é um grande prédio onde em cada andar acontece uma etapa da fabricação.

Separação das folhas, o enrolar (que não acontece mais nas coxas como falam que era antigamente e sim na mão mesmo em cima da mesa), a prensa, o corte, o controle de qualidade, a ornamentação da caixa (essa é importada pronta) com desenhos, nomes, etc... e a montagem dessas.

Vocês verão que é tudo manual.

E no último andar ainda existe a moça que todo dia lê o jornal no microfone, onde todos que trabalham conseguem ouvir.

A pessoa que foi nossa guia era o verdadeiro símbolo cubano. Passou o tour inteiro fumando seu charuto!!!!!

Segundo ela, esse ainda é o melhor emprego da cidade, pois a média de salário é de 32 CUP (moeda local) e para quem trabalha na fábrica é de 45 CUP!!!!! E ainda tem direito a 05 charutos por dia!!!!!

Ela não disse, mas acreditamos que sejam os charutos que não passam no controle de qualidade; já que ao final do tour ela, de maneira bem escondida, quis nos vender alguns e estes não tinham rótulo.

Para quem não sabe o nome Romeu e Julieta do charuto, assim como Montecristo foram escolhidos pois o livro lido para os funcionários na época de suas criações eram esses.

Agora também não fiquem impressionados com a falta de vigilância sanitária e com a saúde do trabalhador.

As pessoas fumam em suas cadeiras e apoiam o cigarro na mesa que separam as folhas, assim como apoiam os seus sanduíches e hambúrgueres sobre a prensa que colocam os charutos. Tudo isso sem um papel, pano ou luva. Imaginei logo, eu como mãe, gritando: Menino, lava essa mão!!!!!!!!!!!!!!

Só para contextualizar um pouco e facilitar o entendimento em relação a moeda que não havia explicado antes.

1 CUC = 0,96 USS = 1,18 EUR (no dia que fomos)

O dólar é desvalorizado em 12% para o CUP, 10% de imposto e 2% de taxa bancária.

CUP = Pesos cubanos (moeda do povo)

CUC = Pesos Cubanos Conversíveis (moeda do turista)

Levar dólar ou euro? Tudo vai depender da nossa cotação para cada uma das moedas.

Com esses valores dá para fazer uma continhas e decidir o que é melhor para cada um.

Como falei no início, essa foi a primeira parte do roteiro (são 03 partes) e começou as 08h e terminou as 13h.

É cansativo? Anda muito? Então, até aqui posso dizer que foi tranquilo pois andamos bem devagar e paramos bastante.

Mas para não cansar tanto, até porque temos muito pela frente, lembra do coco táxi em frente ao teatro? Pegamos um para irmos ao início da segunda parte do roteiro.



Bjs   e   Até   a   Próxima   Aventura,   sempre   Tentando   Explorar   o Mundo!!!!!!!!!!!!!!!





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